Halloween (John Carpenter, 1978)



Trailer:


Direção: John Carpenter
Roteiro: Dean Cundey, Debra Hill, John Carpenter
Gênero: Terror
País: EUA
Ano: 1978

Sinopse: Michael Myers (Tony Moran) é um psicopata que vive em uma instituição há 15 anos, desde quando matou sua própria irmã. Porém, ele consegue fugir de seu cativeiro e retorna à sua cidade natal para continuar seus crimes na localidade que, aterrorizada, ainda se lembra dele.

Análise:

"Eu o conheci há quinze anos. Foi-me dito que nele não havia nada. Não há razão, não há consciência, não há entendimento. Até no sentido mais rudimentar de vida ou morte, bem ou mal, certo ou errado. Eu conheci essa criança de seis anos de idade, com este espaço em branco, rosto pálido e sem emoção, os olhos mais negros ... os olhos do diabo. Passei oito anos tentando alcançá-lo, e depois mais sete tentando mantê-lo trancado, porque eu percebi que por de trás dos olhos deste menino havia o puro e simplesmente ... o mal " - Dr. Sam Loomis

Esse filme é uma obra-prima dos ''slasher movies'', não importa o que hollywood lance hoje em dia que faça a nova geração esquecer dos clássicos, Halloween está numa classe hegemônica acima. Ele não é o pai dos filmes de horror modernos e sim aquele bêbado no banco da praça que é na verdade um gênio renegado, que reserva sua sapiência sem limites para aqueles que perdem o medo do preconceito e se aproximam afim de obter conhecimento transcendental. 

O filme ainda mantém sua genialidade e continua assustando e aterrorizando, tudo isso deve-se à John Carpenter, cineasta e músico, que na época já havia feito dois geniais filmes independentes mas que não eram tão populares o ''Assalto ao 13 Distrito'' e ''Dark Star''. Como na época ele ainda era um cineasta conhecido apenas nas entrelinhas do meio, várias produtoras optaram por não financiar seu novo e mais ambicioso projeto, um filme de horror que contava a história de um psicopata que chacinava adolescentes. Então, Carpenter teve de improvisar, chamou alguns amigos como a Debra Hill com quem ele co-escreveu a estória, para ajuda-lo a conceber este filme, e ele mesmo compôs a trilha sonora, que depois viria a ser a mais reconhecida e influente da história do cinema. 


Esse filme foi a estréia de Jamie Lee Curtis no cinema que fez a babá Laurie Strode, depois de Halloween ela viria a ser a musa dos adolescentes da época, fazendo vários outros filmes de sucesso. O filme proporciona alívios cômicos das cenas tensas com as personagens de Nancy Loomis e PJ Soles, interpretados por Nancy Kyes e Lynda van der Klok, respectivamente. E o falecido ator veterano Donald Pleasence viria a fazer seu papel mais famoso como o Dr. Sam Loomis, o psiquiatra de Michael Myers.

John Carpenter conseguiu US$ 300.000 para financiar o filme que depois viria arrecadar a incrível média de 70 milhões de dólares em bilheterias no mundo todo, o filme está entre os 10 filmes independentes de maior rentabilidade da história do cinema. O sucesso de Halloween rendeu varias outras continuações, mas nenhuma com John Carpenter na direção.

John Carpenter concebeu a personagem mais icônico do cinema, o psicopata Michael Myers, mas a genialidade desse filme não estão nas criativas cenas de morte e horror gráfico mas sim no suspense e terror psicológico estiloso e subtendido criado por John Carpenter, que realmente aterroriza e fascina mesclando a subversão das histórias de horror baseadas em fatos reais com a clareza dos contos de fantasia macabros que permeiam o imaginário popular, principalmente durante as festividades do dia das bruxas, representado aqui pelo o boogie man ou bicho papão no qual Michael Myers é chamado pelos olhos de uma inocente criança imergida pela noite de terror proporcionada pelo infame psicopata. O filme expõe de forma brutal a desestruturação familiar, algo que é atemporal na sociedade em que vivemos, por isso o filme é tão assustador porque de certa forma ele remete o cotidiano e nos faz pensar que psicopatas como Michael Myers não são tão difíceis de se encontrar, e podem sim, transcender a ficção.

Diz a lenda que durante as gravações John Carpenter não estava gostando da máscara que fizeram para que o ator Tony Moran usasse ao interpretar Michael Myers, então pediu para que uma pessoa da equipe providenciasse outra o mais rápido possível, já que o tempo das gravações eram curtos e o orçamento era limitado. Então, rapidamente uma mulher da equipe de Carpenter foi a uma loja de conveniências perto das gravações e viu várias máscaras muito mal feitas do Cap. James T. Kirk da série de TV Star Trek que era interpretado por William Shatner, ela comprou várias dessas mascaras e as levou para o set de filmagens. John Carpenter adorou o que viu, dando uma dessas máscaras para Tony Moran, esta máscara deu ao personagem a personalidade que lhe faltava já que ele é um psicopata que não possui expressões, assim ajundando a imortalizar o lendário Michael Myers.  
  
A resenha deste filme faz parte do projeto do site Cinema Fúria Cinema Grindhouse: 250 Clássicos Revisitados

Sobre o autor:


Leandro Godoy é o criador, editor chefe e escritor do site Cinema e Fúria. Também é escritor do site Obvious e La Parola. Gosto dos mais malucos exploitations, aos cultuados filmes de arte até ao mainstream do cinemão pipoca. Meus outros interesses são: odontologia, literatura e música.
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